Trajetórias e experiência dum uspiano que veio do CCB

Alex Lourenço

Sobre o que quero falar?

Antes de qualquer coisa dita aqui, eu preciso falar que este não se trata de uma fala para elencar modelos de se viver a fim de conseguir uma carreira brilhantes ou semelhante. Eu não quero me apresentar como espelho para ninguém, e sim mostrar como eu fiz para estar onde estou e — talvez — inspirá-los em visualizar que para nós, pobres e pretos, é possível, sim, galgar lugares em que comumente não estamos lá. E isso não é admitir uma fala “meritocrática”, mas reconhecer as dificuldades e tentar mudar a trajetória das nossas vidas de acordo com o que queremos, segundo o que achamos ser sucesso, a partir do que achamos melhor para nós mesmos.

Agora que temos um acordo sobre qual o motivo que vim falar com vocês, eu preciso me apresentar, certo? Meu nome é Alex Lourenço. Atualmente estou com 21 anos de idade, e para aqueles que se importam, sou de câncer. Nasci em Guarulhos, mas morei muito tempo em São Paulo até voltar para a minha cidade natal e caminhar por ela e viver experiências como essas que vocês estão vivendo ao adentrar um lugar como o Curso Comunitário do Bonsucesso.

Um pouco de mim antes do CCB

Alex com cerca de 7 anos.

Antes de entrar no CCB, a vida me aconteceu e eu passei por inúmeras coisas que provavelmente vocês também passaram. Os recortes sociais são: negro, periférico, aluno de escola pública do Estado de SP, pobre… Tudo isso condiciona a minha vida, e foi só quando eu percebi os significados de cada um desses detalhes que pude racionalizar sobre mim e sobre a minha caminhada enquanto indivíduo num sistema que a minha vida não era “bem-vinda”. O que não significava que eu não tentaria viver melhor e ter uma vida digna como é direito de todos.

Quando criança, eu sonhava em ser presidente. Pelo desconhecimento de como as coisas funcionavam, mesmo sendo um hábil leitor para minha idade, eu acreditava que poderia mudar o planeta, começando pelo Brasil, e que todo mundo me ouviria porque era óbvio que todo mundo tinha que ter os recursos básicos. O sonho de ser presidente ficou para trás, não que eu não ache que eu poderia, tendo em vista que os requisitos estão bem baixos ultimamente, acho que eu teria intelecto para o cargo, mas não o capital político.

A criança que queria mudar o mundo cresceu e tornou-se um adolescente nerd que levou para seu começo de juventude todas as questões comuns da idade, e que não precisam ser comentadas aqui para ter a minha imagem de bom moço intacta. Nesta idade, eu já lia muito mais, claro, e começava a entender que estudioso como eu era, ainda assim não era o suficiente para conseguir certos degraus na vida.

“O meio transforma as pessoas e é por ele que os destinos são moldados.”

Foi ali que eu percebi que não bastava tudo o que eu poderia estudar e conhecer estando onde eu estava. O meio transforma as pessoas e é por ele que os destinos são moldados. Pensando assim, comecei a me esforçar ainda mais, tratar de quebrar a lógica que o meio social que eu vivia dava aos meus familiares — de não concluir o ensino fundamental.

A primeira missão foi concluída. Terminei o ensino fundamental e fui para o médio. Em 2014 os ventos sopravam bem melhores do que hoje para pobres que queriam entrar na graduação, então eu sei que até então eu pensava que seria Jornalismo ou História. O plano era cursar o ensino médio da melhor forma possível para ser jogado de lá e adentrar uma universidade pública, com certa propensão pela Universidade de São Paulo, claro. E isso também foi conseguido, ainda que com percalços e uma quase desistência.

Ensino Médio

Inspirar alguém falando do ensino médio não é tarefa fácil, mas eu espero conseguir.

A minha passagem pelos três últimos anos na escola se deu entre 2014 a 2016. Foram anos conturbados, pessoal, financeira e politicamente. Como quase todo pré-adulto, eu estava com medo do futuro e do que ele estava reservando para mim. Com a família financeiramente instável em pleno tempo de golpe político que mostrava no horizonte péssimos anos seguintes, era preciso correr e fazer algo para mudar aquela realidade. Era o que eu pensava que poderia fazer, mesmo tão novo.

Os estudos estavam indo bem, apesar da minha dificuldade em exatas e biológicas. Sempre mantive uma boa média, inclusive nessas disciplinas que eu, sinceramente, odiava. Talvez Física fosse a pior, porque eu adorava a sua parte conceitual, agora os cálculos… Esses eu nem preciso comentar, porque pouco lembro.

Era nas Humanidades que eu ia bem, e em Linguagens eu dominava tudo o que poderia ser dominado com os recursos que me eram oferecidos. Orgulho-me de poder dizer que sempre tive bons professores nessas áreas. Só por eles eu consegui ter clareza de que havia muito caminho pela frente e que, mesmo difícil, só com boa leitura e interpretação de texto — e da realidade — é que eu poderia concretizar o que eu queria.

Por isso, eu lia livros, jornais, revistas, e tudo o que eu poderia receber de informação para entender-me melhor enquanto indivíduo duma realidade estranhamente difícil como a nossa. Estranhamente difícil porque ainda que tenhamos recursos para todos, não são todos que acessam estes recursos. Pensando nisso, eu queria conectar-me às pessoas e assim pensar mais e melhor, além de participar de discussões e experiências que pudessem enriquecer tudo o que eu já tinha lido sobre nos livros e afins. Foi então que no segundo ano do ensino médio eu decidi entrar para o Curso Comunitário do Bonsucesso.

Entrada para o Cursinho

Minha entrada para o cursinho não foi do nada. Eu sabia que precisava melhorar nas disciplinas pedidas para os vestibulares e isso não era possível mesmo que eu me esforçasse ao máximo apenas seguindo as matérias da escola.

“Passar o dia no cursinho era uma oportunidade de crescimento diário pois com tantas pessoas diferentes, mas com um objetivo em comum, me mostrava o quão pequeno era o mundo da escola.”

Então, no começo de 2015, vasculhei alguns sites de cursos pré-vestibulares e fiquei frustrado. Todos eram muito caros para os meus pais pagarem, e mesmo que eles quisessem pagar, o orçamento mensal ficaria ainda mais apertado, o que me entristeceu e quase me fez desistir. Aconteceu que passando de ônibus próximo da Escola Estadual Professor Ary Jorge Zeitune, na região do Triunfo, eu vi uma faixa do CCB e fiquei entusiasmado. O curso era próximo de onde eu morava, o que diminuiria o gasto com passagem de ônibus, e o valor da inscrição e mensalidade estavam acessíveis.

Com o decorrer da semana, eu entrei em contato com o CCB e fiz a minha matrícula. Foi a primeira vez que entrei no CEU Ponte Alta, na época “sede” do cursinho. Lembro até hoje o quão animado eu estava. Além de mim, outras pessoas estavam tentando chegar à universidade, vindo dos mesmos lugares que eu.

O Cursinho do Bonsucesso então começou e cada aula eu me entendia mais longe da universidade, e isso não era algo ruim. Ali, eu percebi o quão imaturo eu era, e o quanto de absorção faltava das disciplinas para eu ter chances reais de prestar vestibulares e passar neles.

E é aí que começa a parte “além” que tive acesso enquanto aluno do cursinho. Não eram somente aulas que tinha naquelas horas de estudos de sábado e domingo. Passar o dia no cursinho era uma oportunidade de crescimento diário pois com tantas pessoas diferentes, mas com um objetivo em comum, me mostrava o quão pequeno era o mundo da escola. Não comparando o CCB com uma célula política ou algo similar, nada disso. Mas é impossível negar a força movente que aquele espaço proporcionava sendo feito por pessoas negras e pobres. Por ele, em comum, era possível se entender enquanto um indivíduo parte de algo, e assim ganhar mais força para quando tudo parecia difícil.

Permanência no Cursinho e atividades fora da sala de aula

Passeio ao Museu Catavento, junto do CCB, em 2015.

“Pude, além de melhorar nas disciplinas, criar laços no cursinho que até hoje são amigos e pessoas que pude contar.”

Pude, além de melhorar nas disciplinas, criar laços no cursinho que até hoje são amigos e pessoas que pude contar. Laços esses criados em sala de aula, mas também fora dela, com as atividades extra sala.

Quando fui perguntado se eu poderia falar da minha história com o cursinho, a primeira coisa que lembrei foi da importância de ter sido jogado para fora da aula. Não que as aulas não tivessem os seus valores — sem elas, eu não estaria aqui e inclusive não gostaria de entrar para a docência. Refiro-me a sair da sala de aula para coisas importantes e que dialogassem com o objetivo de entrar para a universidade. Então por que não ir até uma?

Foi o que aconteceu no meu primeiro ano no CCB, visitei a minha um dos campis de onde estou hoje como graduando, a USP. Não lembro qual foi o dia exato, mas isso não é a parte mais importante. O que importou para mim naquele dia foi a experiência do translado, chegada e permanência, ainda que por poucas horas, nos gramados e entre os prédios de cada instituto, escola e faculdade do campus Butantã da Universidade de São Paulo.

No dia, com o grupo, passei pelos lugares que hoje acesso diariamente — ou acessava até o começo da pandemia de covid-19. Olhar para aqueles milhares e metros quadrados de pura academia e ensino me fez fincar o pé que, independente do curso que eu fosse fazer, seria na USP e ponto.

“A ideia da universidade é longe para quem é periférico, e por isso há importância em trazer os alunos, principalmente os da rede pública, para dentro desse espaço (…)”

Aquele “mero passeio” era a guinada que eu precisava para permanecer estudando e criando recursos para ganhar a minha passagem para a maior universidade (pública!) do Brasil e da América Latina. A ideia da universidade é longe para quem é periférico, e por isso há importância em trazer os alunos, principalmente os da rede pública, para dentro desse espaço, ainda que por um intuito de lazer. Por causa de uma saída da sala de aula e adentrar os portões de uma universidade como a USP, um pré-vestibulando pode, de fato, perceber-se naquele lugar como potencial parte dele, mesmo que muitas mazelas da sociedade digam que não. Ao menos foi isso que me ocorreu e que eu vi acontecer com colegas meus.

Além dos “passeios” à USP e feiras de profissão e ensino feitos com o CCB, outras atividades foram importantes para potencializar o meu crescimento enquanto pessoa, pré-vestibulando, homem negro, etc. Uma dessas atividades foi o debate, na verdade os debates, que pude ter com os meus colegas sobre descriminalização do aborto e de drogas, redução da maioridade penal, e outros. Todas essas oportunidades de dialogar sobre temas difíceis colaboraram, junto das aulas de redação, história, geografia e demais, para adubar, plantar e regar repertórios que somente pelos textos não seriam ganhos.

E aqui vale um agradecimento e um puxão de orelha para o CCB, por favor, não retirem essas atividades da grade. Fiquei distante da minha vida em Guarulhos com os anos seguintes que vou contar, e não sei como as coisas estão no Cursinho, mas espero que tais atividades não tenham sido retiradas, e sim potencializadas.

Com o tempo, a vida foi me acontecendo e mudanças na escolha da carreira para estudar aconteceram. De Jornalismo fui para Cinema, e de Cinema fui para História, e desta eu fui para a Biblioteconomia, que é onde estou agora.

A entrada na USP

Entrada na USP (2019).

Eu não fui um aluno exemplar no Cursinho, e acabei saindo e voltando dele por inúmeros fatores. Parte disso foi porque eu quis experimentar atividades que dificultavam ir para o Cursinho no final de semana. Atividades que, inclusive, moldaram o meu percurso de escolha de carreira como eu apontei acima.

Após dois anos no CCB, saí e fui testar coisas pelo mundo. Prestei vestibulares e até passei, mas preferi não ir pois não era o que eu queria ou era muito longe, fora do Estado de São Paulo ou em cidades que não a capital.

Numa dessas tentativas, pelo SISU passei em Biblioteconomia e Ciência da Informação na UFSCAR, no final de 2016, quando acabei o ensino médio. O curso já tinha sido pesquisado por mim e estava próximo as áreas da Comunicação e das Ciências Sociais. Fiz pouco esforço para fazer a matrícula porque sabia que não conseguiria me manter numa cidade quase do interior e naquela semana mesmo viajar para São Carlos estava longe de possível pois meus pais não poderiam pagar para um deles ir comigo fazer a matrícula. Então, larguei ali.

Mas claro que eu não pararia de estudar e uma pulguinha me dizia que eu deveria tentar mais uma vez, também para Biblioteconomia. Foi então que entrei para o curso Técnico de Biblioteconomia na ETEC Parque da Juventude, no Carandiru, zona norte de São Paulo.

Era 2017 e eu joguei-me para estudar na capital paulista mesmo morando a 40 km dela. Na época, arrumei um trabalho num arquivo e comecei a vida comum do jovem brasileiro, estudar e trabalhar, trabalhar e estudar. Já em 2018, saí desse emprego e fui para outro, num lugar melhor e como assistente pedagógico-administrativo numa instituição de programas socioculturais de São Paulo, POIESIS.

“Lançar-se para desafios como esse, de sair do “meu mundinho” e ver que o mundão está aí nos esperando — nem sempre de braços abertos, é verdade — é a oportunidade real de conhecer a vida e vê-la como sua amiga, e não somente como inimiga como costumamos ver quando algo dá errado.”

A experiência de conhecer um novo lugar e poder traçar rumos pelos meus próprios pés foi uma das melhores coisas que fiz, e provavelmente a mais importante para maturar minha cabeça ainda verde. Lançar-se para desafios como esse, de sair do “meu mundinho” e ver que o mundão está aí nos esperando — nem sempre de braços abertos, é verdade — é a oportunidade real de conhecer a vida e vê-la como sua amiga, e não somente como inimiga como costumamos ver quando algo dá errado.

No curso técnico eu pude vivenciar parcialmente a experiência universitária e achar um lugar bom para mim, um espaço que eu quis estar e que na verdade nunca mais sairia dele: a sala de aula.

Então, quando acabou o curso, já sabendo onde gostaria de atuar e estudar, procurei pelo curso de Biblioteconomia na USP e prestei ENEM, e a FUVEST pela primeira vez (sem contar os simulados feitos durante o Cursinho, nos quais eu ia muito mal, inclusive…).

No final de 2018 e início de 2019, passei pela espera maior espera por um resultado. Será que eu vou passar? Será que eu estou fazendo a coisa certa? Mas não é muito longe de casa? E como vou permanecer na USP? E estágios, vou conseguir algum? Os pensamentos ansiosos brotavam dentro da minha cabeça, mas teimoso como sempre fui, e sou, persistir na tentativa de entrar na USP como aluno e segui o caminho. Na pior das hipóteses eu teria que tentar de novo, o que não é algo legal, sim, não é, mas seria preciso se eu quisesse realizar o curso que eu desejava na escola que eu pretendia.

Prestei a prova, e passei para a segunda fase. Com ajuda de tios que me deixaram ficar na sua casa em São Paulo para diminuir o trajeto para realizar a prova nos dois dias. Ali acabava o que eu tinha de fazer. Fiz a prova. Dei o meu melhor e agora me resta esperar pelo resultado.

Pouco mais de um mês sucedeu e eu passei na 4.ª chamada na modalidade ampla concorrência. Euforia, descrença e orgulho se misturaram no momento que uma amiga minha me mandou no WhatsApp o resultado enquanto eu estava levando uma das minhas irmãs ao hospital. Não era um momento ideal para se comemorar a minha passagem na USP, mesmo não sendo grave o estado da minha irmã.

O dia passou e eu fui desacreditando cada vez mais no que havia acontecido. Não deveria ser eu, mesmo que o meu nome completo e o meu CPF estivessem marcados na lista oficial da FUVEST. Isso durou até eu me matricular presencialmente na secretaria da Escola de Comunicações e Artes da USP, a faculdade que meu curso se encontra.

“(…) Não deveria ser eu, mesmo que o meu nome completo e o meu CPF estivessem marcados na lista oficial da FUVEST.”

Permanência na universidade

Entrada na USP (2019).

Passei e agora? Era o que eu me questionava. A etapa mais fácil para eu consegui, mas e como me manter num espaço como a USP? Não que eu não tivesse — ou tenha até hoje — ajuda dos meus pais e outros familiares. Muito pelo contrário. A primeira coisa que eu ganhei quando passei na universidade, além dos muitos parabéns, claro, foi um notebook de um tio meu para poder estudar bem. Notebook que uso para escrever esta carta.

“A permanência na universidade é tema de pensamentos de qualquer pré-vestibulando pobre brasileiro. Não é uma tarefa fácil, se eu falasse que sim eu estaria mentindo. Mas não é impossível, nem para mim, e nem para vocês.”

A permanência na universidade é tema de pensamentos de qualquer pré-vestibulando pobre brasileiro. Não é uma tarefa fácil, se eu falasse que sim eu estaria mentindo. Mas não é impossível, nem para mim, e nem para vocês. De novo, isto não se trata de uma fala meritocrática. Seria um crime contra meus pares se eu viesse aqui e contasse a minha história como exemplo de que tudo é possível e a vida vai dar certo como num filme da Disney. Às vezes não dá, e é preciso que tenhamos recursos próprios, não financeiros, mas de contato e, acima de tudo, coragem para seguir nossos caminhos.

Coragem foi o que jogou para sonhar com a universidade e fazer todo o percurso que eu contei a vocês aqui. E foi ela, junto de sapiência, em usar as informações que me eram passados, para conseguir ficar e seguir com a graduação.

As informações que digo são principalmente sobre estágios, bolsas da própria universidade que estejam, e também de instituições que “nos pagam” para estudar. Elas existem, mesmo que poucas. E foi olhando tudo isso e prospectando para todas que eu me mantive estudando no primeiro ano, mesmo desempregado pois havia pedido demissão do trabalho na POIESIS, a fim de vivenciar a experiência de aluno da graduação na USP com o máximo que eu poderia.

Na USP, há bolsas para os alunos de baixa renda, além da moradia estudantil dentro do campus do Butantã e demais campis da universidade. Além destas, há bolsas àqueles e àquelas que participam de projetos junto de professores e dos institutos, escolas e faculdades. Não somente, há possibilidades de estágios dentro da USP, e ainda os estágios fora dela, remunerados ou não.

Fiz e ainda faço uso de boa parte disso. Fui estagiário no setor de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, além de bolsista como aluno de baixa renda. Depois, fui para outro estágio, onde estou agora, no Instituto Pedra, além de atualmente ser bolsista em pesquisa e trabalho no Museu do Instituto Oceanográfico da USP. E é assim que me mantenho sozinho morando e estudando em São Paulo desde 2019.

Alex na Biblioteca Central da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (2019).

Enfim…

Minha caminhada nem é tão longa assim, mas umas boas e muitas linhas eu escrevi aqui, o que não significa que eu não vá falar mais. Mas agora serei breve, prometo.

Quando contamos as nossas experiências parece que não passamos perrengue, apertos, dificuldades. Isso porque esquecemos de contá-las, ou preferimos retirá-las para a história ficar menor, ou às vezes mais bonitas. Eu preferi fazer isso pelo primeiro motivo, mas não somente.

Conto minha história sem passar tantos pelos perrengues porque eles fazem parte de qualquer história. Como diria Adele em uma de suas músicas, “Every story has its scars…”. Toda história tem cicatrizes. A minha também tem, e elas existem porque machucados me aconteceram, e sararam. Sararam porque eu fui forte para continuar a vida com eles? Sim, também. Mas também porque eu precisei disso. Nós precisamos disso. Mature incute em passar pela vida — logo pelos seus percalços — e tentar ao máximo conseguir o que desejamos, sem que isso nos comprometa, é claro.

Talvez eu tenha caído sim na falácia meritocrática, mas não sem uma análise da realidade e do meio que existimos. É mérito sim de vocês, de nós, o que conseguimos. E é bom que vocês possam reconhecer isso, mas sem antes contar um pouco as suas histórias com os detalhes difíceis, como fiz aqui.

Alex numa Praça de Bonsucesso, Guarulhos (2020).

Conto tudo isso para encoraja-los e encoraja-las em não desistir dos seus sonhos, porque eles não são só seus, e sim de todos aqueles que não tiveram ou passaram pelo o que vocês estão passando. Sim, é difícil, pré-vestibular não é fácil, mas só de estar nesse momento vocês já venceram todo um sistema que nem aí quiserem que vocês estivessem. E isso já é uma vitória.

“(…) a vitória não é o que você conquista no final, mas sim durante todo o percurso.”

Por fim, como diria Emicida, na fúria da beleza do sol, corram para os seus sonhos, mas sem parar de olhar para a caminhada e para todos os processos que vocês passaram ou estão passando. Tudo isso importa porque a vitória não é o que você conquista no final, mas sim durante todo o percurso.

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